A CRIAÇÃO DO VELCRO: quando a natureza serve de inspiração
- Thiag A C Borella
- 15 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 20 de ago. de 2020
Quem diria que algo com uma utilidade tão diversa teria sido criado a partir de uma planta encontrada em qualquer terreno baldio? E que, para muitos, é só um motivo de irritação?
É exatamente este o caso do velcro e do carrapicho! Nestes dois elementos, uma perspectiva diferente sobre o comum, pode mudar a vida de uma pessoa e até revolucionar a forma com que o mundo lida com algumas questões, quais sejam.
O Velcro
Tipo de tecido cujas superfícies aderem como fecho, normalmente usado em roupas, ou para fixar algum objeto, foi criado pelo engenheiro suíço, montanhista amador chamado George de Mestral.
Em 1941, em uma viagem de caça, de Mestral percebeu que suas roupas estavam cobertas de uma espécie de carrapicho (Arctium lappa), aqueles que dão um trabalhão para tirá-los de suas roupas, cabelo e sapatos. Ao invés de se irritar com o fato, na realidade, despertou a curiosidade para descobrir como era o mecanismo de fixação do fruto desta planta.

Observando por meio de um microscópio, percebeu que na ponta destes frutos havia ganchos, os quais estes podiam se prender em inúmeras superfícies, como roupas, pelos de animais, penas de aves e outros. E é neste momento que de Mestral teve a ideia de produzir algo similar sinteticamente, acreditando que poderia criar uma nova forma de fixar as coisas.
Depois de inúmeras tentativas e, em diversas fábricas de tecido diferentes, de Mestral conseguiu produzir um material flexível, firme e fácil de manusear. Em 1955, patenteou a ideia com o nome de Velcro, que vem da junção de velvet (veludo em inglês) e crochet (gancho em francês).
O carrapicho
Como podemos observar, o carrapicho é um exemplo fantástico da adaptação das espécies ao meio em que vivem. Esta planta desenvolveu estruturas muito eficientes para a dispersão de suas sementes, nas quais o transporte destas é feito enroscando-se no corpo dos animais que, por ventura, encostem em seus frutos, processo esse chamado de disperção zoocórica.
Existem dois tipos de dispersão zoocórica: a exozoocórica que, no caso do carrapicho, o fruto ou semente se prende na parte exterior do corpo dos animais; e a endozoocórica, que, no caso dos frutos comestíveis, o animal ingere a semente juntamente com o fruto, que será excretada depois de passar pelo sistema digestivo do animal.
Além da disperção zoocórica, ainda temos outros tipos de dispersão:
a anemocórica, realizada por meio do vento como o dente-de-leão (Taraxacum officinale),
a hidrocórica, realizada por meio de corpos d’água como no caso da vitória-régia (Vicoria amazonica) e
a autocórica, quando a própria planta tem mecanismos de dispersão sem o auxílio de outro agente, como a Não-me-toques (Impatiens balsamina). Esta planta explode seus frutos para arremessar as sementes.
Observar a natureza por perspectivas diferentes pode nos revelar mundos inteiramente novos, que jamais poderíamos imaginar por si próprios. A curiosidade se bem utilizada pode nos trazer muitos benefícios. Observar e respeitar a natureza pode nos revelar coisas realmente fantásticas e nos fazer perceber que, cada ser vivo, neste planeta, tem sua importância, basta apenas olhar pela perspectiva certa.
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