NEMO E A ANÊMONA
- Thiag A C Borella
- 6 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Ver o Nemo e seu pai, nadando livremente entre os tentáculos da perigosa anêmona e ainda fazerem desta o seu lar, é algo realmente intrigante.
Mas como isso é possível? O que eles têm de tão diferente, que os possibilita ter essa convivência pacífica?

Quem já assistiu o filme Procurando Nemo sabe que, o protagonista do filme e que leva seu nome no título, é de um grupo de peixes chamado peixes-palhaço. Estes podem viver em harmonia com as anêmonas sem serem afetados pelas suas toxinas, o que lhes ajuda a se proteger de possíveis predadores.
Para entendemos como se dá esta relação, primeiramente temos que entender como funciona o mecanismo de predação das anêmonas:
Ao observarmos uma anêmona se alimentando, podemos ver que ela encosta seus tentáculos na presa e esta imediatamente começa a agir de forma estranha, com espasmos e dificuldade de se locomover.
Esta reação é causada por toxinas encontradas no nematocisto, que fica dentro de uma “bolsa” chamado cnidócito. Ao ser estimulado pelo toque, o cnidócito libera o nematocisto como se fosse um arpão que, ao penetrar no indivíduo, libera estas toxinas causando paralisia. E, dependendo da quantidade, até a morte da presa, e isso funciona muito bem para afastar possíveis predadores.
Praticamente, qualquer animal que toque na anêmona dispara este “dispositivo”, porém com os peixes-palhaço isso não ocorre, permitindo que estes seres vivam em meio aos seus tentáculos sem se ferir. Aí a gente se pergunta: “o que estes peixinhos têm de diferente dos demais”??
A resposta é que os peixes-palhaço têm a capacidade de produzir um muco em sua pele, que reduz o acionamento dos cnidócitos e, assim, os permite que se aproximem das anêmonas e, literalmente, esfregarem-se sem correr risco de vida.
Ao se esfregarem na anêmona, vão incorporando substâncias do muco desta, que a faz reconhecer o peixe como parte dela. Depois deste processo de aclimatação o peixe pode nadar tranquilamente entre os tentáculos da anêmona sem acionar os cnidócitos.
Engana-se quem acha que só o peixe-palhaço se beneficia nesta relação, pois para a anêmona é uma boa forma de conseguir alimento, sem esforço, já que fica com as sobras da alimentação do peixe. E este também irá mantê-la sempre limpa, ajudando a evitar possíveis infecções. Esta relação é considerada uma relação mutualística, isto é, quando ambos os seres se beneficiam da interação.
Este é apenas um dos inúmeros casos onde a união entre indivíduos, mesmo que seja de espécies diferentes e com objetivos distintos, pode ser muito mais benéfico para todos os envolvidos do que se vivessem sozinho e pela própria sorte.
Um ótimo exemplo de “a união faz a força”!
Texto revisado pela Professora Bióloga Carla Pinotti de Assumpção
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