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O IDIOMA DAS ÁRVORES: como as plantas se comunicam

  • Foto do escritor: Thiag A C Borella
    Thiag A C Borella
  • 11 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2020

Exatamente! Assim como os animais, as plantas comunicam-se entre si, e seu vocabulário é muito mais abrangente do que possamos imaginar.



Boa parte desta “conversa” das árvores ocorre de forma “escondida”, por intermédio de fungos presentes no solo os quais interagem com as raízes das plantas. Esta interação entre o fungo e a raiz de uma determinada planta, chama-se micorriza.

Micorriza é considerada uma interação mutualística, isto é, quando ambos planta e fungos se beneficiam da interação. Nesse processo, os fungos absorvem açúcares produzidos pelas plantas e estas conseguem captar mais nutrientes e água por meio dos fungos.



Essa rede de fungos micorrízicos também conectam as plantas umas com as outras como uma rede de informação, também chamada de wood wide web, a rede global florestal. Fazendo alusão ao www da internet, esta rede permite que passem não apenas nutrientes como carbono, fósforo e nitrogênio, mas, também, água e alguns sinais químicos para informar sobre o meio ambiente e até possíveis ameaças.



Nesta “conversa”, é possível às plantas comunicarem condições ambientais, e até mesmo ameaças se estiverem sendo atacadas, fazendo com que suas vizinhas produzam substâncias desagradáveis para o indivíduo que a estiver atacando. E em alguns casos liberar sinais químicos que atraiam animais que lhe defenderão desta ameaça.


A capacidade de as plantas reconhecer e interagirem com os indivíduos ao seu redor vai muito além. Em um estudo realizado pela Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) pode-se observar a importância das árvores-mães (indivíduos mais velhos e maiores) como um ponto central de sustentabilidade para a floresta. Elas, definitivamente, cuidam das mais jovens, alimentando e passando todo o conhecimento adquirido durante sua longa vida.


Quanto maior e mais velha a árvore mais conexões com outras árvores menores esta faz, chegando a centenas de conexões, dependendo do indivíduo. A remoção de uma afeta negativamente o desenvolvimento das outras que estavam conectadas, podendo literalmente levar toda uma região ao declínio de forma irreversível.



Estas árvores maiores e, portanto, mais velhas conseguem captar mais luz, suas raízes são mais ramificadas e, consequentemente, conseguem realizar mais fotossíntese, distribuindo o excedente de nutriente adquirido entre as outras plantas menores, aumentando em até 4x as chances de sobrevivência destas.


É interessante citar que, como toda mãe, estas árvores têm uma preocupação especial com suas crias, pois conseguem reconhecer seus parentes mais próximos e destinar maior quantidade de nutrientes para estes.


Algumas espécies aprenderam a ajudar não só os seus parentes mais próximos, mas também indivíduos de espécies diferentes. Isso é mostrado no estudo de Simard e colaboradores (1997), no qual é analisada a interação entre uma espécie de bétula (Betula papyrifera) e um pinheiro (Pseudotsuga menziesii), demonstrando que existe uma troca entre estas duas espécies.



Neste caso, o indivíduo que tem mais recurso envia para o com menos, ocorrendo de forma bidirecional, ou seja, as duas espécies podem ser tanto o recebedor quanto o doador de nutrientes, dependendo da necessidade e disponibilidade de cada um. E esta interação só é possível devido ambas as espécies interagirem com espécies em comum de fungos micorrízicos.



Uma verdadeira demonstração de “pensamento” coletivo da natureza, onde pensar na comunidade é muito mais vantajoso do que apenas em si e que com a ajuda mútua pode-se ter uma qualidade de vida muito melhor e mais harmoniosa. Que possamos seguir o exemplo destes verdadeiros anciões e buscar uma sociedade mais justa e igualitária.


Artigo revisado pela Professora Bióloga Carla Pinotti de Assumpção


Referências







 
 
 

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