DÁFNIA, A PULGA AQUÁTICA
- Thiag A C Borella
- 30 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Como você imaginaria uma pulga que vive na água? Que ela sugaria o sangue dos peixes, como as que parasitam nossos cães e gatos? E, até poderia nos picar?
Calma!! Esta é uma pulga, digamos, mais amigável.
As dáfnias são crustáceos do gênero Daphnia, que têm como parentes mais próximos os siris, caranguejos, lagostas, dentre outros. São chamadas de Pulgas D’Água por causa do seu nado, o qual se assemelha a pequenos saltos como os das pulgas que conhecemos.
Ocorrem nos mais diversos ambientes de água doce, estão distribuídas em todo o globo e possuem uma ampla variedade de espécies. Atualmente se tem conhecimento de um pouco mais de 150 espécies diferentes no mundo. Como são bem pequenininhas, medindo em torno de 1,5 mm em regiões tropicais e 3mm em regiões temperadas, normalmente passam despercebidas aos nossos olhos, sendo vistas a olho nu, normalmente, quando estão agrupadas em colônia com vários indivíduos.
As dáfnias podem aparecer até em aquários ornamentais, mas apenas quando estes estão bem estáveis, pois são animais muito sensíveis, onde qualquer variação de temperatura, luminosidade e presença de compostos químicos na água, afetará o seu desenvolvimento.
Devido a esta sensibilidade, as dáfnias são muito utilizadas pelos pesquisadores, como bioindicadores em estudos de agentes tóxicos como metais pesados, agrotóxicos, presença de micropartículas de plástico no ambiente e variações de temperatura. Ajudam a demonstrar se e como algumas substâncias afetam os organismos aquáticos, em que quantidade e quais as consequências disso para o meio ambiente.
Um fato interessante tem-se observado em alguns estudos sobre as dáfnias. Quando estão em condições ideais, se reproduzem por meio de partenogênese, isto é, animais que não têm necessidade de cruzarem para produzir filhotes, nesta situação não há a necessidade de machos para a reprodução. No entanto, quando ocorre algum tipo de estresse, como uma seca por exemplo, estas produzem machos para que ocorra o cruzamento e a produção de ovos, os quais resistem até secas mais severas, servindo como uma ferramenta essencial para a preservação da espécie.
A importância das dáfnias não se resume apenas como bioindicadores, elas têm grande importância ecológica, já que se alimentam basicamente de algas, e são fontes de alimento para peixes. Sua ausência pode causar grande desequilíbrio nos dois grupos, assim como em todo o meio ambiente onde estão inseridas, causando um efeito em cascata.
Estes pequenos animais demonstram que cada espécie é importante para o equilíbrio ecológico. Entender esta importância e como estão se desenvolvendo é fundamental para podermos antecipar futuras consequências e criar políticas para a preservação do meio ambiente e, consequentemente, da humanidade.
Texto escrito em parceria com o Biólogo Mestre em Interações Orgânicas com foco em zooplâncton João Vitor Fonseca.
Revisado pela Professora Bióloga Carla Pinotti de Assumpção
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