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O VENENO QUE CURA

  • Foto do escritor: Thiag A C Borella
    Thiag A C Borella
  • 2 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jul. de 2020


Uma das grandes descobertas dos cientistas foi a utilização dos venenos de animais peçonhentos para produção de remédios, com a finalidade de tratar doenças humanas. Só para citar, o primeiro exemplo de remédio a ser produzido por um laboratório, o Captopril, feito a partir do veneno de uma serpente, é o anti-hipertensivo mais utilizado no mundo atualmente.


Arte: Nathan Bandiera Lopes

O que pouca gente sabe é que quem descobriu tal efeito foi um brasileiro, o farmacologista Maurício Rocha e Silva, na década de 40. O pesquisador observou que, aplicando o veneno da Jararaca (Bothrops jararaca) em um animal, ocorria uma reação com o plasma sanguíneo e essa reação liberava a bradicinina, uma substância com intensa ação na redução da pressão sanguínea.

Farmacologistas Mauricio Rocha e Sila (esq.) e Sergio Henrique Ferreira (dir.) - Fonte: Universidade de São Paulo

Um de seus alunos, o também farmacologista Sérgio Henrique Ferreira, pesquisador da USP, na década de 70, notou que a hipotensão causada pela bradicinina é potencializada pela ação de pequenas toxinas presentes nos venenos das cobras Jararacas, possibilitando a produção do medicamento para esta finalidade.

Cola de Fibrina - Fonte: Teachmedicine.org

Outra grande descoberta acerca do veneno das cobras foi a produção da cola de fibrina, um produto com grande eficácia no tratamento de úlceras, ferimentos, fissuras, entre outros. Esse importante composto promove a coagulação sanguínea evitando hemorragias. Para a sua produção é utilizada uma fração purificada do veneno da cobra misturado com o plasma sanguíneo do próprio paciente.

Fonte: Bristol Laboratories

Além de todo este benefício para a humanidade, o desenvolvimento de medicamentos, a partir de substâncias retiradas da natureza, podem ser muito rentável economicamente na indústria farmacêutica. O próprio Captopril chegou a render para a indústria, que desenvolveu o medicamento, à Bristol-Myers Squibb, em torno de 5 bilhões de dólares em um ano.


Só para se ter uma idéia do potencial brasileiro, no nosso país são registradas 55 espécies diferentes de serpentes poeçonhentas, e cada uma tem caracteristicas particulares, como substâncias novas a serem identificadas a partir de seu veneno e descoberta uma nova utilização para o bem da humanidade.


Para que possamos ter acesso a esta riqueza, fornecida pela própria natureza, é necessário, no entanto, que haja produção no país. E, para isso, é necessário um investimento massivo em ciência e tecnologia nacional, que vai desde incluir remuneração digna aos pesquisadores, recursos para a produção destas tecnologias até estruturas e condições adequadas.


Como podemos observar, se apenas uma única espécie de serpente é capaz de trazer todo este benefício para a humanidade, imagine o quanto ainda temos para descobrir com um dos ambientes mais ricos em espécies do mundo em biodiversidade, nesse caso, o Brasil. Imagine quantos benefícios podemos descobrir para a humanidade e até mesmo o enorme retorno financeiro que pode trazer para o país, apenas preservando e estudando as nossas ricas florestas.


Texto escrito em parceria com o Biólogo,  com foco em estudo herpetológicos Nathan Bandiera Lopes.


Revisado pela Professora Bióloga Carla Pinotti de Assumpção


Texto baseado nas seguintes leituras:






 
 
 

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